domingo, 21 de agosto de 2011

Dezembro II

     A dor é igual ao amor. Não escolhe cor, religião e muito menos idade. Simplesmente acontece. Era Natal, as luzes piscavam e a árvore já estava enfeitada e pronta para alegrar os olhos, menos os meus. Não foi o melhor nem o pior Natal, foi só... Natal. Em vez de escutar Happy Christmas ou, sei lá, Noite Feliz a minha trilha sonora foi Christmas Light. Ano passado (2009), eu tinha recebido uma mensagem de Natal à noite, eu estava muito feliz e explosiva como os fogos de artifícios rodopiando no céu. Onde foi parar minha felicidade natalina? Sempre amei essa data mais que meu próprio aniversário, mas naquele dia tudo que eu queria era pular todas as datas comemorativas e acabar com toda a alegria bônus que elas traziam. 
     Chegou dia 31... abraços nos familiares, risos, choros, agradecimentos e todos aqueles blás blás. Meia noite. Retrospectiva do ano, dos ganhos e perdas. A minha maior perda foi ele. Chorei por ele, por mim e principalmente por nós. Meia noite e dois. Dei um leve sorriso, enxuguei minhas lágrimas e agradeci a Deus por aquele ano de sofrimento ter finalmente acabado. Ano-novo, vida nova. Porque virou obrigação de eu engolir o choro e começar a seguir em frente.   



      

Dezembro I

     Não sei se foi o ápice da minha tristeza ou se eu tinha me esquecido de tomar meus analgésicos de sobrevivência durante esse mês. Irei ficar com a segunda opção, ela é bem mais a minha cara. Durante o ano eu tinha como o que me preocupar e ocupar meu tempo: escola, amigos, atividades escolares, sono e muito estudo. Mas chegaram as férias e todas as minhas preocupações referentes a escola terminava e meu alvo seria apenas eu
     Bastou entrar de férias e toda minha incapacidade de ser feliz veio de malas e cuia, com o pretexto de querer visitar minhas colegas de quarto, Solidão Fura-olho e Depressão Pé-no-saco. Foram dias inesquecíveis, elas me fizeram lembrar de tudo dele, TUDO MESMO. Cor preferida, conversas, risos, bandas e músicas prediletas, piadas, declarações, onde é, por que é e o principal, por que partiu. Você nunca espera que uma simples e mera pessoa vá pisar nos seus sentimentos, porque você acha que é forte o suficiente para aguentar tudo  sozinho e levantar com uma cara de sou-melhor-que-você. Mais uma doce ilusão da vida. 
     Eu tive que me assistir sofrendo todos os dias sem poder fazer nada. Até porque eu era culpada por tudo ou pelo menos uma parte. Não havia nada naqueles dias que me fizesse parar para pensar no que estava fazendo da minha vida. Nada mais importava sem ele a minha vida é impossível.    


domingo, 1 de maio de 2011

Chuva

     O céu estava escuro com tons avermelhados misturados com as nuvens. Serenava e relampiava, um pouco. O frio para quem se atreve sair de casa é um tanto convidativo, não parecia mesmo que era Teresina. Me atrevi a colocar uma blusa de mangas longas que há tanto tempo não usava e quase não a encontrei de tanto escondida que estava. A sala onde eu sempre me refugiei é quem ainda me dá apoio todos os dias. 
     - Mas só não culpe minha fraqueza, foi você mesmo que me dizia que teu amor era o suficiente para mim. Entreguei meu coração até que, um dia você se cansou dele e o deixou cair no chão: despedaçando em pequenos vidros afiados. Minha dor cresce e a cada dia penso mais em ti do que em mim, te amo mais que tudo e você nem me dá uma sequer palavra de consolo. 
     A chuva, propositalmente, atrapalhou meu diálogo e, por alguns minutos, esqueci do que eu relatava ao vento. Ainda chove, será que assim ele consegue me amar? Fui até a janela para espiar a chuva, além de observar o muro vi as gotas ficarem mais pesadas e melancólicas, parecendo mais uma sinfonia do que a própria chuvarada. Não sinto fio, aliás, não sinto mais nada. Quando ele resolveu partir levou o meu coração, a única coisa que me fazia ter sentimentos. Como irei sentir algo? Agora, eu sou um robô vivo que em fez de possuir um chip, existe um grande vazio dentro de mim que agoniza e grita pelo seu amado.         

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Trouble ♪

 Quando há uma nova esperança eu me perco sem saber se quero continuar a farsa ou levantar e sair do poço.

     Eu sabia que ia dar tudo errado. Todos agora tentam me convencer que ele é a pessoa certa pra mim, mas não é. Eu até tentei melhoras as coisas, acabei foi piorando, tento me esconder agora. Fugir agora é o melhor caminho... ou será o único? Não quero ver que eu falhei com uma pessoa, não fui criada pra falhar, aliás, ninguém foi. Somos seres capazes de raciocinar e fazer tudo para a sobrevivência: é o que eu planejo agora. 
     Minha vida nos últimos dias deu uma reviravolta de 180º. Não sei mais o que devo fazer, achei que o amaria pra sempre, mas não adianta eu me desgastar, não vale a pena. Meu ego diz que é pra mim vencer. Nunca irá se tratar de vencer, pois chegamos ao ponto final do nada. Hoje eu posso dizer o verdadeiro sentido da palavra vazio e descobri isso da pior forma.
     Surgiu uma nova pessoa. Ela pode me salvar? Queria muito que sim, mas não irei me precipitar. Tenho que me manter escondida por enquanto. Não ferir os outros é o mais difícil pra mim. Ontem me visitaram... de novo - pensei. Toda vez que eu sinto que estou vencendo, eu erro feio.
     Melhor colocar a culpa no tempo e os tiquetaques não servem a essa hora da solidão. Não posso amar amar pela metade, não sei amar pela metade. Fazer o que ele fez comigo com outra pessoa? Não faz o meu tipo. Desculpe ego, mas não irei ferir meus únicos princípios para satisfazê-lo.      

Oração Da Minha Vida

         Senhor, perdoe minha respiração,
     Por me levantar todos os dias e não conseguir fazer 
     Meus olhos dormirem profundamente.
     Perdoe-me pelas palavras em vez de atitudes,
     Por meus pés caminharem e pela minha visão.
     Minhas lágrimas sofridas e meus pensamentos lúcidos.
     E, perdoe principalmente, as batidas incessantes do meu      coração.


domingo, 14 de novembro de 2010

Distimia*

    É mais difícil que eu pensava, saber que existe a pessoa que te completa e não senti-la por perto. Ele é sem dúvidas a razão do meu dia completar.


    Nos últimos meses, minha postura social mudou muito: me sinto cansada demais, me perco nos pensamentos, já não falo (nem pra fingir a minha felicidade). Tudo mudou. Até meus amigos estão se afastando, não consigo disfarçar a minha solidão e a incapacidade de amar outra pessoa. A dor que eu sentia era apenas psicológica, ela evoluiu... passou pra dor física, a dor que mata o coração, a dor que judia dos olhos e a dor que não fala. Sinto até medo de abrir a boca e sair dela palavras incuráveis. 
    Já teve a sensação que era feliz e não sabia? O tempo que cura não me procurou até hoje. Espero há tempos sua gloriosa visita. Confesso que não tenho condições físicas e muito menos emocionais para segurar minha dor. Daria tudo para apenas vê-lo e sentir a alegria de que ele verdadeiramente existe, que isso não é loucura da minha cabeça, que eu posso confiar nele cegamente e dizer que sempre o amarei (mesmo ele não sentindo o mesmo). Queria ter a sorte de vê-lo sorrir e ter a inveja de vê-lo alegre em simplesmente viver.
    Meu amor não é doentio. O meu amor existe porque a razão da minha existência até agora existe. O meu amor se realiza por saber que ele foi capaz de amar quem não vê. Eu queria ouvir sua voz nem que seja pela última vez. Não importa sua distância longínqua da minha, a felicidade dele sempre será a minha prioridade.
    As vezes tenho a ousadia de me perguntar se ele pensa em mim. Mas eu tenho a certeza absoluta que não. Ele não desperdiçaria seu precioso tempo pensando em mim. 

* Distimiaé um tipo de depressão que se caracteriza principalmente pela falta de prazer ou divertimento na vida e pelo constante sentimento de negatividade.

sábado, 9 de outubro de 2010

A escola

    No meio dos burburinhos e das conversas paradas, retiro uma linha de pensamento para lhe dizer do meu silêncio. Cansei das palavras sem nexo, dos sorrisos forçados... as vezes chego a nítida certeza que minha vida é tão banal chegando ao cúmulo da inutilidade. Chego ao ponto de me esconder dos rostos se é que são. O que vejo são apenas máscaras vivas escondendo seu desespero no olhar. 
    Se as máscaras soubessem do que eu sei, teriam medo, da sua própria face deformada refletida no espelho. O espelho já nem mostra seu espírito, mostra apenas os erros imperdoáveis de algo que chamam de vida.
    Aqui no meu refúgio eu posso descansar e ter pelo menos uma paz. Ninguém me incomoda com futilidades, ninguém me aplaude e nem me zomba. Como se eu fosse a porta dos novos mundos, a porta dos sonhos sem ser reconhecida. É tão bom se sentir sozinha que tenho medo do meu único refúgio virar realidade.
    A escola estava insuportável, o barulho do som, das pessoas e até mesmo das pisadas no chão me deixavam frustrada. O olhar caótico de todos e as mesmas e intermináveis conversas de sempre. Os professores brigando, os meninos ainda brincando de bolinhas de papel e as meninas preocupadas com os cabelos. Muito cético. 
    A escola é sempre a mesma droga. Vamos continuar a farsa e deixar isso te enlouquecer.